quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A E.N.D. E A FÍSICA QUÂNTICA

A E.N.D E A FÍSICA QUÂNTICA



O Universo sempre intrigou o homem. Não só em seus aspectos externos, visíveis, embora fantásticos e deslumbrantes, mas também em seu mecanismo mais íntimo, interno e aparentemente secreto. Isso mesmo! – sempre houve no ser humano um fascínio pelos mistérios. No entanto, essa obstinação em “conhecer o desconhecido” e se apoderar de seus segredos e de sua exuberância levou o homem a desenvolver ciências, formas de conhecer, cada vez mais sofisticadas e precisas. Assim, ao longo da História da Humanidade, dentre as muitas ciências criadas de lá para cá, a Física evoluiu significativamente, recebendo certos rótulos, conforme sua época, objetivo e modus operandi, como por exemplo, Física Clássica ou Quântica. A Física Quântica, embora mais recente e mais sofisticada do que a Clássica, não pode prescindir desta nem das demais, uma vez que cada uma delas foi (ou ainda é) um dos “degraus” de que se utilizou para chegar aonde chegou. Porém, sem contradito, a Física Quântica é, até o presente momento, a excelência na forma de conhecer e observar tudo o que o Universo nos revela sem restrições, tanto quanto aquilo que ele parece “querer esconder” de nós.
Ramana Maharshi

Com a Física Quântica o homem, apesar de avançar consideravelmente em conhecimento, curiosamente também retorna ao velho conceito de Natureza/Universo dos antigos gregos – Physis; além de também ir em direção às noções encontradas nas antigas tradições religiosas, como as do hinduísmo e do budismo, por exemplo. O sábio indiano Ramana Maharshi declarou que o caminho da Iluminação pode ser encontrado na resposta para a pergunta “Quem sou eu?”, e o físico americano Niels Bohr ocupou-se com a pergunta “como é possível a um elétron ir de A a B sem jamais passar entre esses dois pontos?”. Questões que parecem nada ter a ver em comum, até porque originam-se de tradições diferentes, uma oriental, a outra ocidental, uma espiritual, a outra científica, na verdade, por assim dizer, esbarram nos corredores da Física Quântica, tanto quanto nas esquinas de Nova Délhi ou de Nova York. 

Niels Bohr
sumérios
Os sumérios, a mais antiga civilização de que se tem notícia (aproximadamente 3.800 a.C.) consideravam iguais os esforços de compreender tanto o mundo externo, físico, quanto o mundo interno, espiritual. Agora, como se fosse uma nova espécie de “metafísica” – só que de cientistas sérios e não de filósofos sonhadores – a Física Quântica explora e ousa tecer considerações cada vez mais precisas e plausíveis sobre o que é a consciência, onde ela se localiza, como age e até que ponto cria ou ajuda a construir o que chamamos de realidade; o que é o homem, se tem uma essência transcendental ou é apenas uma “máquina com personalidade”, se tem domínio sobre sua vontade e seu destino ou está meramente sujeito às forças exteriores da Existência que, como marionetes, executam o necessário exigido por ela e não o que é realmente seu desejo e sua necessidade particular.

o domínio da ciência
Como vemos, o papel da Física Quântica é ousado e bastante amplo, além de incerto e desafiador. Homens sérios, como já disse, não medem esforços para ir cada vez mais longe nessa espécie de conhecimento e não hesitam em afirmar coisas que a muitos ouvidos e mentes soam como improváveis e até absurdas, mas que provocam em outros um incrível sentimento de aceitação e compreensão capaz de realizar verdadeiros “milagres” em suas vidas, quando aplicados com determinação e fervor, de tal maneira que toda a comunidade científica se rende extasiada a essas novíssimas verdades, quando, outrora, seria reação comum rechaçá-las sem aviso prévio ou delongas.
Papa Francisco

Não só a Religião tem seus “dogmas”, a Ciência também os tem. E que ninguém se engane – é tão difícil superar aqueles quanto estes. Felizmente, a existência humana não é feita só de teimosos e covardes, embotados e submissos; ela também é composta de homens obstinados e corajosos, de mentes abertas e de espíritos livres. E são exatamente estes que fazem a diferença quando fazemos a conta dos prós e contras da vida. Embora, na Era Medieval, ser cientista ou filósofo valia a alcunha e o destino de bruxo, segundo os inescrupulosos critérios da Igreja, e muito embora, no século 17, o pensamento mecanicista de Descartes tenha dominado a comunidade científica, ainda assim excelsos exemplares humanos conseguiram romper essas “amarras” e envolver com sua aura aventureira outros homens que, percebendo a inevitável força e coerência de suas ideias, fizeram-se também arautos de novas verdades. Quando Isaac Newton associou dois eventos tão díspares quanto a queda de uma maçã e o movimento de um planeta, embora ainda entro dos liames da física mecanicista, ali mesmo ele estabeleceu não só a noção da lei da gravidade, como ficou conhecida, mas também de uma “força” gerada no seio do Universo, mantenedora de um equilíbrio real e necessário. A partir daí, mais importante do que saber “quem ditou ou criou tal lei” é descobrir como ela atua, de que forma ela foi ativada.

Isaac Newton
Termos como “força” e “energia” são muito usados nos compêndios e nos meios acadêmicos e científicos, mas também remontam aos ensinamentos dos antigos sábios do Oriente, ao se referirem aos fenômenos incomuns aos homens comuns, tão demasiadamente apegados ao que é palpável, visível e inquestionavelmente óbvio. Sem saber quem é o dono ou agente dessa força ou quem teria produzido tal energia, o homem comum, não encontrando na lógica, na razão, explicações para certos fenômenos, queda-se estupefato diante desses eventos inusitados e, desamparado, acaba por dar-lhes o nome de “milagres”. Pelo que se entende, a partir das explicações religiosas, milagres são intervenções divinas na trajetória normal da vida de uma pessoa em particular ou da existência, como um todo. Ou seja, Deus, ou um de seus interventores – anjos, santos, avatares e etc –, por sua graça ou por merecimento de uma pessoa ou mais, de tempos em tempos, intromete-se no curso natural da História do mundo e dos homens, seja para "corrigir" o que o desagrada, seja para atender as preces de uma pobre criatura sua.

Cristo sobre as águas
A E.N.D. – Energia Nervosa Dirigida –, expressão com a qual designo a força provinda de uma vontade humana objetiva de realizar algo, que pode muito bem ser comparada ao que chamamos, aqui no Ocidente, de “força de vontade”, e que, na tradição hindu, é denominada “sankalpa shakti” faz parte dos ensinamentos e práticas da Terapia Hari, sistematizada e desenvolvida também por mim. O princípio dessa força ou energia não é o Atman – nossa verdadeira identidade e essência –, e sim o Jiva, uma vez que é este que “deseja realizar algo”, por necessidade ou por capricho, pouco importa. No entanto, embora pareça paradoxal, essa energia tem sua origem no Atman, isto é, é nele que o Jiva (reidentificado, é claro) “se inspira” para “realizar” seu intento. Explicando de outra forma, é assim: Atman não tem caprichos ou necessidades, pois se os tivesse não seria “completo e perfeito”, mas Jiva os tem, pois luta na Existência por melhores condições. Depois de reidentificado (ciente de que sua essência é Atman e de que não passa de um “dublê” que recebeu uma personalidade, atributos e veículos existenciais), o Jiva pode lançar mão dessa energia, dirigindo-a para determinado alvo, bastando para tanto não estabelecer conflitos entre a realidade que e a realidade que deseja ver e jamais considerar os aparentes obstáculos, ainda que corroborados pela razão ou pela lógica, como sendo intransponíveis. É com essa energia que o Avatar  Jesus conseguiu, entre outras coisas, caminhar sobre as águas do mar e em certas passagens bíblicas lemos: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” ( Mateus 6:33) e “As obras que eu faço, ele também fará; e as fará maiores do que essas” (João 1412). Deixando de lado as concepções religiosas, o que está dito aí é “Primeiro, é necessário reidentificar-se com Atman, e tudo será possível!”, ou ainda: “Aquilo que é possível ao Atman, só é conhecido quando o Jiva realiza!”. 
Andar sobre brasas

Essa relação entre o que a nossa razão vai chamar de “dois mundos” – o físico e o espiritual (que Platão denominou “mundo sensível” e “mundo das ideias”) –, fica cada dia mais plausível com os avanços da Física Quântica que, além de ter respaldo científico, ainda encontra ressonância nas grandes tradições antigas de várias civilizações, que em épocas remotas não contavam com instrumentos tecnológicos, como os de hoje, nem com avanços científicos, que só viriam séculos mais tarde, porém, participaram efetivamente dos eventos “reais” daqueles povos. Sabe-se que pessoas comuns são capazes de caminhar descalças sobre brasas sem sofrer qualquer queimadura nos pés, enquanto outras, que tentam fazer o mesmo, considerando que brasas queimam e que, portanto, correm o risco de se queimarem, inevitavelmente têm seus pés queimados gravemente.

Isaac Asimov
O que digo aqui de forma nenhuma deve levar o leitor a conclusões precipitadas de que “então, qualquer um pode bancar Deus!”, muito menos devem “os céticos de carteirinha” fazer pilhéria com meu nome ou com tais ideias que, em verdade, não são minhas, como demonstram os relatos que fiz até aqui. Antes, devem todos eles lembrar que ideias tidas como “loucas” ou “absurdas” no passado, hoje são aceitas não só nos meios científicos e acadêmicos, mas também na vida cotidiana, sendo ensinadas em qualquer escola de ensino fundamental. Exemplos simples disso são os “absurdos da ficção científica”, os delírios de Isaak Asimov e Júlio Verne, que desafiaram a Ciência e a Tecnologia, levando-as a tornarem aqueles artefatos e maquinários improváveis uma realidade. Se ainda há pessoas que não acreditam de forma alguma que o homem pisou na lua, também há aquelas que crêem e trabalham incessantemente para ver o homem conquistar outros planetas, como Marte, e lá habitar. O fato é que não há limites para as realizações humanas, a não ser aquelas que o próprio se impuser.
Júlio Verne

A E.N.D. é ensinada dentro da T.H. mas não está isolada dos demais ensinamentos. Ou seja, ninguém é capaz de grandes e inusitadas realizações apenas se reconhecendo como uma personalidade, um ego, um ser limitado e lógico ao extremo. Não é uma questão apenas de fé, em seu sentido religioso; é uma questão prioritariamente de compreensão e de paixão. Essa compreensão escapa à lógica e se utiliza da intuição (a sabedoria primeva, direta, imediata) e essa paixão é o amor incondicional, o comprometimento desmedido com a própria Vida – sem Deus ou deuses, sem intervenções divinas, sem mistérios intransponíveis, sem dogmas, culpas ou pecados...

Amit Goswami
Há muito trabalho a fazer antes de sair por aí “bancando ou brincando de Deus”. Evidentemente, a E.N.D. passa pela questão da “consciência” – ou melhor ainda, de “autoconsciência”. Não adianta ler todos os dias escrituras consideradas sagradas, repetir mantras mágicos a todo momento ou saber de cor versículos, como: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á (Mateus 7:8). Quem tem a consciência pequena de que é essa personalidade, esse ego, vai cansar de bater, mas nem por isso a porta se abrirá. Isso não tem nada a ver com ele ser merecedor ou não – ele simplesmente não é conhecedor, ele não conhece nem “compreende”. Amit Goswami declara: “E preciso ter vontade e paixão para ultrapassar a própria zona de conforto e superar a necessidade de ser como os outros. Contudo, fazer isso sem o conhecimento adequado é insanidade. Se for feito com o conhecimento adequado [...], é considerado genialidade”. Conquistar os processos, os elementos imbricados no domínio da prática da E.N.D. vai além de sentar-se de certo modo num local silencioso, ouvir uma música relaxante, queimar incensos e repetir palavras ou nomes considerados sagrados – é preciso um esforço mais sincero e objetivo e um conhecimento maior e exequível.

Quem quer ser um alucinado, alguém que acredita e vê acontecimentos que, para qualquer outra pessoa, pareceriam tão fora da realidade que provavelmente deixariam qualquer um maluco? Se você for um desses, então você é “um louco”... ou, então, é um praticante da Terapia Hari.