FILOSOFIA, EDUCAÇÃO, POLÍTICA E CONFLITOS MUNDIAIS
O
nosso entrevistado de hoje é Jaya Hari Das, 48 anos, professor de Filosofia, com
graduação pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, professor de Língua
Inglesa, com mais de 25 anos de experiência, com certificação das Escolas
Fisk. Desde 2006, o prof. Jaya escreve
artigos para revistas de Filosofia e Espiritualidade, e por duas vezes foi
matéria de capa, com “A vida é bela em Schopenhauer” e “Immanuel Kant – Um
divisor de águas”, na revista Conhecimento Prático – Filosofia, da Ed. Escala.
Na conceituada revista “Planeta”, da Editora Três, emplacou o artigo “Agir ou
não agir – eis a questão”, e para a Mythos Editora, além de vários artigos em
duas revistas, “Grandes Temas do Conhecimento – Filosofia” e “Sexto Sentido”,
concedeu duas entrevistas, uma já publicada, que tratava sobre a possibilidade
de vida inteligente fora da Terra e outra, sobre o filósofo Kant, que será
publicada em breve.
Atualmente , o Prof. Jaya trabalha no Programa Maranhão
Profissional, Etapa Pré-vestibular, do Governo do Estado do Maranhão, pela
VAT/Escola Multimeios/UNIVIMA, e também é o diretor do MOFICUSHINTH (Movimento
Filosófico “Cura do Ser Humano Integral” – Terapia Hari*). Somando-se a tudo
isso, ele também é músico (violonista), intérprete, compositor e poeta. Em
2010, conquistou o 3º Lugar (Júri Técnico), no 23º Festival Maranhense de
Poesia, com “Sem eira nem beira”.
Começamos
perguntando como lhe veio a ideia da Terapia Hari:
JHD:
Baseado em minhas experiências pessoais e acadêmicas comecei a
sistematizar minha própria filosofia, a Terapia Hari, a partir de 2000. O plano
piloto era desenvolver uma prática filosófica cotidiana, com base na Filosofia
ocidental e na Sabedoria oriental. A idéia de criar essa filosofia não
aconteceu da noite para o dia, ela está ligada a minha própria história de
vida, como integrante do Movimento Hare Krishna, na década de 1980, membro da
Ordem Rosacruz e estudioso de Filosofia, Ocultismo, Religiões comparadas, etc.
BLOG: O que vem a ser a Terapia
Hari?
JHD: A T.H. é um método psicofilosófico
que desenvolvi, que alia conhecimentos da Filosofia Ocidental e da Sabedoria
Oriental e emprega práticas mistas de psicologia, filosofia, yoga e
arteterapia, além de outras que se façam úteis ou imprescindíveis no decorrer
do tratamento. A T.H. é uma terapia complementar, portanto, não substitui, nem
está em conflito com a Medicina Tradicional ou com outras Terapias
Alternativas.
BLOG: Como a T.H. atua no
paciente, de maneira a ele/ela sentir que está sendo tratado realmente?
JHD: A T.H*, por ser uma “therapéia”,
isto é, uma autoterapia, sua eficiência se dá a médio e longo prazos, sendo,
portanto, imprópria para casos emergenciais ou urgentes, pois aquele mesmo que
“sofre” tem que ser o que “cura”. Ela não trata enfermidades, deformações
físicas ou distúrbios neurológicos irreversíveis; ela não cura enfermos, não
prodigaliza a saúde nem rechaça a doença. Na verdade, ela auxilia os canais
energéticos sutis, os chakras, a restabelecerem o equilíbrio do “jiva”, a
pessoa humana.
BLOG: A T.H. pode, de alguma forma,
ser considerada uma “religião”, por exemplo?
JHD: A T.H* não preconiza a
prática, nem se utiliza de benzeduras, preces, rezas, orações, imposição de
mãos, penitências, abstinência ou uso de qualquer tipo de droga lícita ou
ilícita, nem faz apologia a qualquer tipo de ritual, magia ou crença religiosa,
propagandeada ou não por ‘Religiões Institucionalizadas’ ou pela ‘Tradição’.
Aqueles que se utilizam de seus procedimentos terapêuticos são “pacientes”,
jamais “seguidores”, embora ela seja uma filosofia prática, que deve fazer
parte da vida cotidiana desses pacientes.
BLOG: É possível dizer que a T.H.
é contra-indicada para alguma pessoa ou pode causar algum tipo de “mal”, como,
por exemplo, agravar o estado de saúde de um paciente com determinada doença ou
problema?
JHD: Absolutamente, não!
Recomenda-se apenas que o paciente T.H. já tenha pleno domínio sobre si mesmo,
ou seja, saiba decidir-se por usar a Terapia e queira fazê-lo. Crianças,
menores de 12 anos, podem ser pacientes da T.H. somente com a autorização do
pai ou da mãe, ou de um responsável direto. Nenhum problema, ou enfermidade,
será agravado pelo tratamento da T.H. Muito pelo contrário, haverá sempre um
avanço no bem-estar do paciente.
BLOG: Mudando de assunto, como o
sr. vê a Filosofia na atualidade, tanto no âmbito geral quanto no restrito –
aqui em São Luís ,
por exemplo?
JHD: É inegável que os grandes
expoentes da Filosofia já estão todos mapeados, ou seja, são grandes homens
anteriores à contemporaneidade, embora haja alguns poucos filósofos, aqui e
ali, que, espelhados neles, venham a se
destacar. Portanto, a Filosofia hoje, de forma geral, é uma prática aplicada às
questões atuais, sob a égide do legado dos grandes pensadores. Quanto ao campo
restrito, São Luís parece estar ligada a questões muito pequenas e
provincianas, isto é, ela ainda não é um solo fértil para a Filosofia. Os que
lidam aqui com a Filosofia são somente professores da disciplina e não
estimuladores de problemáticas socioculturais e filosóficas.
BLOG: No seu caso, além de
professor, o que há que o identifique como “um filósofo”?
JHD: Bem, acima de tudo, o
reconhecimento de que não é uma graduação que me fez ou faz filósofo. Assim
como o poeta é poeta porque sabe fazer poesia, similarmente, ser filósofo é
algo intrínseco ao “ser”, que independe do respaldo de instituições. Portanto, embora
eu seja um professor, com formação acadêmica, sou filósofo por vocação, e
pretendo deixar um legado filosófico a partir dos meus escritos, entre eles,
dois livros que, em breve, serão publicados.
BLOG: Fale um pouco de seu
trabalho como escritor.
JHD: Escrever no papel é
importante, mesmo hoje quando há tantos recursos para deixar registradas suas
ideias em meios eletrônicos, na Internet, etc. Meus artigos ajudam a deixar
registrado o tipo de pensamento que tenho sobre alguns filósofos e esses dois
livros de que falei têm propósitos diferentes: o primeiro, “Poemas que
Nietzsche jamais escreveu – Filosofia poética” é um apanhado dos escritos de
Nietzsche, reescritos como poemas; o outro, “O Governante das Estrelas – Da
materialidade do eterno”, é um livro com o qual pretendo inscrever meu nome
entre os grandes filósofos de todos os tempos, pois nele está o que chamo de
“minha própria filosofia”, pois ele traz o que chamaria de “uma metafísica
prática”, uma filosofia que não se resume a um conhecimento teórico, e sim, uma
ação consciente e cotidiana.
BLOG: Fale-nos da sua palestra “A
Tansvaloração da Educação – Uma perspectiva nietzschiana”.
JHD: Essa palestra nasceu de um
artigo que escrevi para a Editora Escala, e que também fará parte de um livro
que será publicado pelo editor da revista Conhecimento Prático Filosofia,
Daniel Rodrigues Aurélio. A palestra foi ministrada na Faculdade FAMA/Pitágoras
e trata duma questão que já preocupava o filósofo alemão e é um dos maiores
problemas do Brasil – os valores agregados à Educação e o modelo educacional
vigente. Tratada com descaso pelos vários governos, ao longo das últimas
décadas, a Educação acabou por assumir, como sendo dela, problemas que
pertencem ao seu entorno, embora sejam problemas estruturais das escolas e
econômicos dos profissionais da educação. A palestra é um alerta a esse absurdo,
que não é muito visível a estudantes e educadores, porquanto são vítimas, eu
diria, “fatais” desse descaso governamental, em todas as suas esferas.
BLOG: Para terminar, como o sr.
vê o mundo atual, diante desses conflitos internacionais, com rumores de
guerra, o terrorismo nos EUA, a crise econômica na Europa e a violência aqui no
Brasil?
JHD: Ao que parece teremos que
ter outra entrevista (risos). Bem, o mundo atual eu vejo como um caldeirão, um
vulcão, que mais cedo ou mais tarde vai explodir. Não quero parecer aqui um
pessimista ou fatalista, mas costumo lembrar as pessoas de que a História não
mente – já estamos mais que na hora de uma “boa guerra”; não dessas guerras
pontuais, que aos olhos do resto do mundo, sobretudo da ONU e dos EUA, são
meras brigas de vizinhos rabugentos. Creio que daqui a pouco tempo virá uma
guerra de grandes proporções, uma guerra inevitável. O terrorismo, que se
traduz na insatisfação de povos árabes, islâmicos, com o domínio ocidental,
americano, e a crise econômica europeia, que está sendo maquiada para não
parecer grave demais, são potenciais fatores para essa guerra. Quanto à
violência aqui no Brasil, ela é o fruto maduro do descaso com a Educação, de que
acabei de falar, somada a uma política oportunista, corrupta, fundada em grupos
com certos interesses, quase sempre escusos e prejudiciais a toda a sociedade
brasileira. Em resumo, embora seja desanimador dizê-lo: o que vemos, tanto aqui
como mundo afora, é a mera reação de forças perigosamente enriquecidas com
urânio, que se insinuam agora prontas para causar uma explosão descomunal. Isso
não será “o fim” – deixará grandes estragos, mas, provavelmente, reposicionará
a humanidade, de forma geral.
BLOG: Muito obrigado, professor,
por sua entrevista!
JHD: Eu que agradeço e estarei,
sempre que possível, à disposição de vocês!