quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

MALES DA ALMA


OS ENGANOS DA PSICOLOGIA E DA RELIGIÃO

Desde a figura mitológica de Psyché, aquela bela jovem por quem se enamorou Eros, até a criação da Psicologia, da Psicanálise e outras psicoterapias, muito tempo se passou. O que nunca passou mesmo, apesar de tantos anos e tantos estudos despendidos, foi a falta de compreensão dessas ciências e terapias, que insistem em “rebaixar” a alma ao condicionamento existencial, sujeitando-a a todo tipo de mazela, sofrimento, dor e vicissitude que o mundo material pode oferecer.

Não é de hoje que a Psicologia chama a angústia, a depressão e o tédio, entre outras enfermidades psíquicas, de “males da alma”. E, nesse viés, profissionais de diferentes áreas da Medicina, sobretudo da área clínica, insistem em propalar essa “ignorância” em seus tratados, discursos, palestras e artigos.

Talvez a culpa não seja totalmente deles nem da própria Psicologia. A Religião, mormente a cristã, dominadora da cultura e das linhas de conhecimento do Ocidente, que deveria saber alguma coisa sobre a alma, insiste em tratá-la, também, como um joguete do mundo e de Deus.

A intenção dessa série de artigos que escreverei aqui não é fazer frente à Psicologia ou ao Cristianismo, como um todo, mas resgatar a concepção original e verdadeira da alma e, consequentemente, retirá-la da condição vilipendiosa, falsa, imprópria, impossível e vulgar em que foi atirada. Essa tarefa não será fácil e, por isso, sei que apenas poucos leitores compreenderão o que direi. Destarte, tratarei dessa “defesa” em capítulos, tentando apresentar bem meus argumentos e esclarecer essa questão, sem deixar dúvidas, não sobre a alma (que é um tema muito complexo), mas sobre o ponto de vista da minha Terapia.

Para tanto, levantarei pontos pertinentes à questão de cunho psicológico, religioso e filosófico, declarações de profissionais dessas áreas, recorrendo, ainda, a textos que tratam da alma tal como ela é e ao próprio sentido primitivo, que, ao que parece, há muito foi esquecido. Claro que eu poderia também iniciar esta série de artigos, dizendo simplesmente: “Tudo bem! Podem continuar a usar o termo “alma” para essa coisa miserável, mesquinha, pequena, frágil, mortal e incurável que vocês tratam aí. Eu, em nome da Terapia Hari e de todo o conhecimento adquirido no arcabouço das várias culturas e civilizações, já me utilizo mesmo do termo “atman”, que nada tem a ver com “essa coisa” de vocês”. Mas não se trata de uma abordagem técnica, explicativa ou pedagógica desse termo, no âmbito restrito da Psicologia, da Filosofia ou da Religião. Trata-se do resgate da verdadeira concepção de alma, para que as pessoas, em qualquer desses âmbitos, tenham o entendimento claro do que cada um deles realmente está falando e não sejam ludibriadas com retóricas acadêmicas, filosóficas ou religiosas.

A psicóloga, Drª. Lílian Graziano, em seu artigo “Psicologia Positiva: A psicologia da felicidade”¹, nos diz: “Para esses autores [os fundadores da Psicologia Positiva, entre os quais, Martin Seligman], a Psicologia nasceu pautada no modelo de doença, e, como tal, desenvolveu seu olhar exclusivamente em direção ao caráter disfuncional do ser humano”. E diz mais: “Isso significa, que na prática, a ciência psicológica raramente consegue ir tão além quanto suas discussões filosóficas poderiam sugerir, quando o assunto é a compreensão da totalidade humana, uma vez que todos os seus esforços têm sido direcionados a apenas um dos lados da moeda”. E, para concluir suas observações, diz ela: “Preocupada apenas em curar doenças, a Psicologia deixou sem respostas aqueles que questionavam sobre ter uma vida feliz, abrindo espaço para que as forças e as virtudes humanas fossem discutidas sem base científica e, por vezes, de maneira hipersimplificada”.

Evidentemente, as palavras da drª. Graziano não pretendem detratar a Psicologia, e muito menos respaldar minha defesa na temática deste artigo, e, sim, valorizar o trabalho da Psicologia Positiva, da qual é membro, como um avanço da ciência psicológica. No entanto, seu discurso serve como aviso às limitações da Psicologia tradicional e seus possíveis enganos e falhas. Um desses, sem dúvida alguma, se dá quando essa ciência impinge à alma os males que são de natureza psicofísicas, ou seja, males existenciais (esfera a que a alma jamais pertenceu, e jamais pertencerá).

Considerando que a Ciência e a Religião são dois baluartes da cultura ocidental e, se estou com a razão, ambas são incapazes de fornecer uma concepção verdadeira de “alma”, indo além, em seus respectivos enganos, ao deturpar o próprio conceito e definição de “alma”, vilipendiando-a com suas respectivas acusações a ela – no caso da Ciência, afirmando que a alma está sujeita a enfermidades; no caso da Religião, pregando que ela pode ser queimada e destruída; parece-me louvável exortar os meus leitores a seguirem o mesmo conselho que o filósofo Sêneca (    ) deu a seus contemporâneos: “Recusem-se a seguir a multidão!”, que neste caso seria: “Descreiam dessas afirmações da Psicologia e do Cristianismo sobre a alma!”, e me ouçam.

A Ciência e a Religião se apropriaram do termo “alma” e, de certa forma, manipularam sua definição ao bel prazer, em favor, evidentemente, dos seus interesses próprios. Para a Psicologia, por exemplo, era necessário trazer a alma para o âmbito físico, para que seus estudos pudessem ser aceitos como “científicos”, e ela se desvencilhasse da Filosofia, sem descambar para uma espécie de “psicometafísica”. Para o cristianismo, a alma não poderia manter sua condição de eterna, pois seria da mesma natureza de Deus, e não haveria como “assombrar” os cristãos com suas visões do Inferno (lugar destinado às almas dos pecadores, segundo a Igreja). A alma que é “alma” mesmo, no entanto, não é manipulável em seus verdadeiros atributos – ela não sofre as aflições físicas nem pode ser queimada no fogo, nem mesmo o do Inferno – nem mesmo pela “vontade de Deus”.

Em meu livro, “O Governante das Estrelas – Da Materialidade do Eterno” (ainda não publicado), explico que o Paramatman (a Alma Suprema) é constituída por partes e parcelas denominadas de “atmans”, as quais são indissociáveis dEle e possuem a mesma “essência” e “atributos”. Isso significa que, se os atmans estivessem sujeitos a mazelas, à ação do fogo e à morte, o Paramatman (Alma Suprema/Ser Supremo, ou “Deus”, se preferirem) também estaria, pois são todos da mesma “natureza”. Lá, também explico que até o Paramatman tem o seu duplo ou dublê. Este é denominado de Hari, o “Jiva Supremo” (Alma Suprema encarnada), cujo corpo é toda a extensão do Universo, constituído de duas Naturezas: a material e a espiritual. São essas “Naturezas” que criam e mantém todos os seres do Universo (isso quer dizer em todos os planetas de todas as galáxias e de todos os recantos imagináveis ou não). No planeta Terra, somente os humanos são “jivas” (alguns só entenderão se eu disser: “Somente os humanos têm alma”, pois muito bem, que seja). Os demais seres, plantas, animais e vegetais, recebem da “Natureza” apenas os veículos necessários à sua “expressão” no mundo/Existência, a saber: um corpo e um espírito. Isso significa que tais seres não possuem uma “essência” no mundo/Eternidade, pois eles “não são atmans”, como nós.

Para que minha exposição fique mais clara, é necessário informar ao meu leitor que, segundo a Terapia Hari, há duas instâncias a serem consideradas, quando tratamos conjuntamente de Alma, Deus e Seres Humanos, a saber: a Existência, que constitui tudo o que é físico, material, elementar, sutil, etéreo, mental, psíquico, fluido, atômico – numa palavra, objeto de estudo e perscrutação do intelecto; e a Eternidade, instância inacessível à perscrutação lógica, que é a totalidade de toda a Existência e ainda mais (sendo esse “mais” o imperscrutável, tal é a sua “essência”) e que é considerado, na T.H., como Paramatman (Alma Suprema), do qual fazem parte todos os atmans (almas individuais). Embora essas explicações ainda não se demonstrem totalmente compreensíveis, ajudarão na compreensão dos meus argumentos, em breve.

É preciso lembrar que muito antes do surgimento da ciência psicológica e ainda antes do próprio cristianismo, a alma já era “perscrutada” em suas possíveis características e atuações. Claro que nunca houve um consenso entre as variadas culturas e povos primitivos. No entanto, algo fundamental participava de todas as noções e conceitos sobre a alma, sempre considerando-a como tendo uma natureza sagrada, divina e transcendental. “Os caracteres fundamentais das religiões professadas pelos povos primitivos são: crença num poder supremo; crença em espíritos independentes; crença na alma humana, distinta do corpo e separando-se do mesmo com a morte”². Para nós da T.H*, a expressão “alma humana” não passa de um reforço de linguagem, pois toda alma só pode ser “humana” (até que tenhamos provas consistentes de vida igual ou superior à nossa, universo afora, que possa comportar também a ideia de existência, a partir desse “elemento vital”).

Para finalizar a primeira parte dessa série de artigos sobre a alma, deixarei esse trecho, encontrado no Bhagavad Gita, que diz: “A alma nunca pode ser cortada em pedaços por nenhuma arma, nem pode ser queimada pelo fogo, nem umedecida pela água, nem seca pelo vento. Esta alma individual é irrompível e insolúvel, e não pode nem ser queimada nem seca. É eterna, todo-penetrante, imutável, imóvel e eternamente a mesma.”

¹ Revista Ciência & Vida Psique, Ed. Especial, Ano III Nº8, Ed. Escala
² História da Educação Universal e Brasileira (Intermedial Editora), autor Nelson Valente 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

EM CONCORDÂNCIA COM NOSSO MOVIMENTO

Vidya Yoga e Terapia Hari
VIDYA YOGA E MOFICUSHINTH



O Vidya Yoga Ashram, uma organização não-governamental de ensino e pesquisa da arte, filosofia e terapia da Índia, foi fundado no Brasil em 1980. Seu patrono é Shri Swami Vyaghrananda Pashupáti Bhagwan.

Em entrevista a Gilberto Schoereder, para a revista Sexto Sentido (Mythos Editora), a suprema presidenta mundial, Kamala Devi, e o vice-presidente, Vyaghra Yogi, falam sobre o Vidya Yoga Ashram, sua postura, crenças e ensinamentos.
Aqui, selecionamos os pontos que encontramos em concordância com as diretrizes e ensinamentos do MOFICUSHINTH, enquanto filosofia e prática.

Os adeptos do Vidya Yoga são pessoas que, unidas em fraternidade e mútua amizade, “buscam em suas meditações e empirismos o conjunto de princípios básicos em que se fundamenta o seu sistema filosófico”, além do que, “declaram-se partidários e colaboradores da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Liberdade para todos os povos”.

ENTREVISTA:
SEXTO SENTIDO: Qual a postura do Vidya Yoga Ashram diante das diferentes práticas de yoga existentes hoje no Brasil e no mundo?

VIDYA YOGA: [...] Acreditamos que a grande maioria utiliza o nome yoga de forma imprópria, pois não sabe o que é. Para nós, yoga é somente 10% físico, pois precisamos manter nosso veículo em ordem: o restante é mental, emocional, espiritual. A busca do desenvolvimento espiritual é individual.
[...] Os Vidya Yogis acreditam que tudo no universo é energia, e que esta energia cósmica é imanente e transcendente a todas as coisas e criaturas. Os seguidores e praticantes [...] são livres-pensadores não vinculados ao conceito ocidental de Deus. [Consideram] Deus como Brahman, Absoluto, Realidade Absoluta, eterna, infinita e universal; como a Causa Primeira de todas as coisas; como Consciência Cósmica, enfim, como a Grande Lei que estabelece e mantém a harmonia dos cosmos e dos universos. [...] acreditam que o universo submete-se a ciclos de criação, preservação, destruição e dissolução intermináveis; acreditam em várias dimensões espirituais, que podem ser chamadas de planos densos, sutis e causais da existência de todos os seres vivos; acreditam que espírito e matéria são dois pólos de uma única força. O purusha (alma) que habita o interior do homem é perfeito, e busca desenvolver a matéria, prakriti, para atingir seus objetivos finais: samádhi, a iluminação da consciência. Acreditam no karma como lei individual de causa e efeito, [...] pela qual cada homem define seu próprio destino pelos seus pensamentos palavras e atitudes.Acreditam no dharma (lei ou dever) individual e coletivo. Acreditam no samskára que é o ciclo de nascimento, vida e morte, também chamado de Roda da Vida (Ayurchakra). Acreditam no ákasha como o registro coletivo de todas as experiências da humanidade; acreditam que o homem reencarnado evolui sua estrutura material de muitos nascimentos e mortes, até todos os seus karmas serem completamente resolvidos; [...] acreditam que os períodos da vida humana para seu amadurecimento natural e equilibrado são desenvolvidos de 7 em 7 anos, começando os ciclos no corpo energético (7 anos), depois no emocional (aos 14), depois no corpo físico (aos 21), depois no corpo mental superior (aos 35), depois no intuicional (aos 42) e finalmente no corpo espiritual (a partir dos 49 anos de idade), até atingir sua emancipação como ser humano (70 anos); [...] acreditam que o homem possui sete invólucros ou veículos, que são: corpo físico (Sthula Sharira); corpo energético (Lingam Sharira); corpo emocional (Kama Sharira); corpo intuicional (Buddhirupa); corpo espiritual (Purusha); [...] acreditam que há infinitos planetas que suportam a vida em todo o cosmos. O planeta Terra é um destes. No sistema solar em que vivemos, este planeta é o mais rico e mais completo, com todos os elementos e suas combinações físio-químicas [...].

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Bem, o que nós deste Movimento podemos acrescentar, como esclarecimento ao que denominamos de “concordância”, é que determinadas nomenclaturas e conceitos, aqui e ali, são um pouco diferentes, entre os deles e os nossos. Porém, isso não chega a ser um fator de discordância, mas, talvez, de interpretação, uma vez que nós também fomos beber nas fontes orientais do Yoga, dos Vedas, dos sábios budistas e hindus, e noutras.
Na verdade, há muito mais em comum do que contrário, além do que o fundamental é divulgar a boa filosofia, de tal forma que ela seja exercida pelo maior número de seres humanos, para que uma consciência mais elevada abarque toda a Humanidade e promova o que todos nós queremos: UM MUNDO MELHOR!