segunda-feira, 23 de maio de 2011

O MOFICUSHINTH* E A PRÁTICA DO ZEN

SER ZEN: UM MOVIMENTO COTIDIANO

O texto abaixo foi escrito por Leonardo Boff e extraido da Revista Sexto Sentido. Sua apresentação neste blog deve-se ao fato de que a prática Zen e seus ensinamentos são corroborados por este Movimento e servem de auxílio contra as exigências da Razão no cotidiano, uma vez que a "consciência" não se vale apenas da razão, pois tem outras faculdades, como a intuição, por exemplo, que são muito úteis quando damos a devida atenção ao nosso guia interior. Todas as perguntas feitas aos mestres Zen recebem respostas inusitadas que não encontram  fundamento nas categorizações racionais, como "Sim" e "Não", "Certo" ou "Errado". Todas as respostas só podem ser compreendidas se forem deixadas de lado as estreitas necessidades da "razão" de apreender tudo dentro de sua própria logicidade. Em outras palavras: o Zen não respostas para "um indivíduo que pergunta", só tem para o Universo, pois o sujeito que pergunta quer um "sim ou não", uma solução para sua questão/problema, enquanto o Universo só se ocupa em repor o equilíbrio das forças em oposição.
Confira a matéria (os grifos são nossos) e faça seus comentários:


Zenbudismo na vida e no trabalho

O zenbudismo pode significar uma fonte inspiradora para o paradigma ocidental em crise bem como para a vida cotidiana. Isso porque o zen não é uma teoria ou filosofia. É uma prática de vida que se inscreve na tradição das grandes sabedorias da humanidade. O zen pode ser vivido pelas mais diferentes pessoas, simples donas de casa, empresários e pessoas religiosas de diferentes credos.


O centro para o zenbudismo não está na razão, tão importante para a nossa cultura ocidental. Mas na consciência. Para nós a consciência é algo mental. Para o zenbudismo cada sentido corporal possui a sua consciência: a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato. Um sexto é a razão. Tudo se concentra em ativar com a maior atenção possível cada uma destas consciências, a partir das coisas do dia-a-dia. Possuir uma atitude zen é discernir cada nuance do verde, perceber cada ruido, sentir cada cheiro, aperceber-se de cada toque. E estar atento às perambulações da razão no seu fluxo interminável.


Por isso, o zen se constrói sobre a concentração, a atenção, o cuidado e a inteireza em tudo aquilo que se faz. Por exemplo, expulsar um gato da poltrona pode ser zen; também libertar os chacorros do canil e deixá-lo correr pelo no jardim. Conta-se que um guerreiro samurai antes de uma batalha visitou um mestre zen e lhe perguntou: “que é o céu e o inferno”? O mestre respondeu: “para gente armada como você não perco nenhum minuto”. O samurai enfurecido tirou a espada e disse:”por tal senvergonhice poderia matá-lo agora mesmo”. E ai disse-lhe calmamente o mestre:”eis ai o inferno”. O samurai caiu em si com a calma do mestre, meteu a espada na bainha e foi embora. E o mestre lhe gritou atrás:”eis ai o céu.”


O que a atitude zen visa, é a completa integração da pessoa com a realidade que vive. Deparamo-nos no meio de difenças, compartimentando nossa vida. O zen busca o vazio. Mas esse vazio não é vazio. É o espaço livre no qual tudo pode se formar. Por isso não podemos ficar presos a isto e àquilo. Quando um discípulo perguntou ao mestre:”quem somos”? respondeu apontando simplemente para o universo: “somos tudo isso”. Você é a planta, a árvore, a montanha, a estrela, o inteiro universo. Quando nos concentramos totalmente em tais realidades, nos identificamos com elas. Mas isso só é possível se ficarmos vazios e permitirmos que as coisas nos tomem totalmente. O pequeno eu desaparece para surgir o eu profundo. Então somos um com o todo. Este caminho exige muita disciplina. Não é nada fácil ultrapassar as flutuações de cada uma das consciências e criar um centro unificador.


Há uma base cosmológica para a busca desta unidade originária. Hoje sabemos que todos os seres provém dos elementos físicoquímicos que se forjaram no coração das grandes estrelas vermelhas que depois explodiram. Todos estávamos um dia juntos naquele coração incandecente. Guardamos uma memória cósmica desta nossa ancestraidade.
Depois, sabemos também que possuimos o mesmo código genético de base presente em todos os demais seres vivos. Viemos de uma bactéria primordial surgida há 3,8 bilhões de anos. Formamos a única e sagrada comunidade de vida 

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