A T.H. E O ESTUDO AVANÇADO DE FILOSOFIA
Há aproximadamente vinte sete
séculos, iniciava-se um período de grande busca pelo conhecimento das coisas do
mundo, da Natureza e da Existência. Como num passe de mágica a Terra deu cria a
grandes homens, em algumas regiões, diríamos, privilegiadas do planeta, como a
Grécia e a Índia, onde nasceram, por exemplo, Tales de Mileto (considerado o
primeiro filósofo ocidental) e Siddharta Gautama (que se tornaria Buda, um dos
maiores sábios da Oriente). Parecia que dali em diante era premente que o homem
perscrutasse os grandes mistérios do mundo e decifrasse seus aparentes enigmas.
Compreendeu-se, de repente, que era necessário indagar seriamente sobre o
Universo à sua volta (composto pelos eventos naturais, os fenômenos captados
por nossos cinco sentidos), tanto quanto uma espécie de “universo em seu
interior” (onde se situam as emoções, os sentimentos, as vontades e as crenças
inatas, que somente muitos séculos mais tarde, Karl Gustav Jung daria o nome de
“inconsciente coletivo”). De lá para cá, essa busca frenética pelo conhecimento
precisou ser sistematizada, dando origem às chamadas “Ciências” – as naturais
(que pretendem dar conta dos fenômenos da Natureza), as exatas (dentre as quais
a geometria, a aritmética e a matemática) e as denominadas de ocultas (que
tratam dos fenômenos metafísicos, não apreendidos pelos nossos cinco sentidos).
Essas
ciências não param de dar crias e se renovam constantemente ao sabor dos novos
conhecimentos adquiridos e da avassaladora tecnologia, que propiciou a criação
de aparatos e dispositivos, como os telescópios e os satélites, que
potencializam exponencialmente nossas capacidades físicas naturais, devido a
seu alcance cada vez mais preciso e ao longe. Foi assim que os homens chegaram
ao conhecimento de que a Terra se move, e esse movimento, diferentemente do que
se imaginava, é ao redor do sol, e não deste em torno dela. Também, dessa forma
é que foi possível concluir que o homem não é meramente um corpo, uma máquina
de carne e ossos, mais um ser complexo, equipado, pelo menos, com três
veículos, um físico e dois sutis, a saber: o corpo, a mente e o espírito,
respectivamente. Daí, o que no começo não passavam de meras suspeitas, por
exemplo, que havia outros planetas ou que ainda existia vida após a morte
física, puderam encontrar sua comprovação científica.
A proposta que a Terapia Hari (ou simplesmente
T.H.) traz para aqueles que perceberam as incongruências daqueles conceitos,
noções e valores mencionados linhas acima e as falhas ou inconclusões de muitos
sistemas religiosos e filosóficos, é a aplicação diária de técnicas vivenciais,
respaldadas por ensinamentos que, assimilados e reforçados a cada dia, darão
frutos a médio e longo prazo. A T.H. não faz milagres, portanto, também não
deve agradar aqueles que esperam resultados urgentes, imediatos. Ela não é uma
terapia no sentido clínico ou médico; a cura que ela proporciona é a do
“homem”, e não da “doença”. Na verdade, todas as enfermidades se encontram na
razão direta desse “desconhecimento de si mesmo” – do homem integral, ou do ser
original que é. Esse desconhecimento é “a mãe de todas enfermidades”, de todas
as dores e sofrimentos humanos. No entanto, a T.H. não deve ser entendida como
uma panaceia, pois ela, ainda que
praticada por todos os homens (o que não passa de uma utopia insana), não tem o
poder de erradicar a dor e o sofrimento do mundo. Isso porque, como é explicado
alhures, a Existência não é a “instância dos absolutos” – ela se estabelece necessariamente sobre pares de opostos
(luz/sombra; prazer/dor; vida/morte, etc), sendo, portanto, impossível
pretender-se a erradicação de um dos componentes destes pares.
Deve
entender-se, portanto, que não há qualquer possibilidade de se praticar a T.H.,
caso não haja previamente uma mudança radical de certos valores, conceitos e
noções arraigados na mente. As crenças religiosas e as superstições (que são
quase sinônimos) são mais empecilhos do que ferramentas úteis à terapia. Não
sentenciamos, como o fez Nietzsche, que “Deus está morto”, mas precisamos, nós
da T.H. e os pacientes dela, chegar à conclusão harmoniosa de que “Deus não
passa de uma ideia” – às vezes, benfazeja, outras vezes, terrivelmente
perniciosa. Aquele “Deus perfeito”, aquele “Deus bondoso” e todos os seus anjos
e santos devem ir para o porão do nosso imaginário, tanto quanto o Diabo com
suas legiões de demônios e espíritos-de-porcos. Deuses e demônios, senhores do
bem e do mal, entidades superiores invisíveis, criadas nos primórdios de toda a
eternidade, para ajudar ou corromper o homem, são ideias tão fantasiosas que
parecem personagens do imaginário infantil. Nada disso é útil quando se busca
resultados verdadeiros na totalidade da Vida. Pobre daqueles que temem a morte
por julgar que podem ser atirados no Inferno! Triste daqueles que a ambicionam,
abdicando de ter uma existência plena, somente porque “acham” que irão para o
Céu! São, como dizem por aí, “almas desperdiçadas” ou, pelo menos,
“desencaminhadas”. Enterraram seus talentos e esperam ainda que sejam atendidos
(não se sabe por quem) em suas preces.
A
T.H. tem a pretensão de trazer o arcabouço do conhecimento humano em gotas
homeopáticas. Para tanto, porém, teve que fazer uma depuração em todo esse
conhecimento, pois, ao longo da Existência, apreende-se o que é verdadeiro e o
que é falso, o que é útil e o que é desnecessário. O Estudo Avançado de
Filosofia, como proposto na T.H., leva em consideração sábios e filósofos,
homens aparentemente comuns, simples, e Avatares. Nada pode ser desperdiçado;
nenhuma lição pode ser perdida; nenhuma gota desse remédio amargo, porém
eficaz, pode ser derramada. Nossa sala de aula é a Vida; nossa enfermaria é a
Existência.