A E.N.D E A FÍSICA QUÂNTICA
O Universo
sempre intrigou o homem. Não só em seus aspectos externos, visíveis, embora
fantásticos e deslumbrantes, mas também em seu mecanismo mais íntimo, interno e
aparentemente secreto. Isso mesmo! – sempre houve no ser humano um fascínio
pelos mistérios. No entanto, essa obstinação em “conhecer o desconhecido” e se
apoderar de seus segredos e de sua exuberância levou o homem a desenvolver
ciências, formas de conhecer, cada vez mais sofisticadas e precisas. Assim, ao
longo da História da Humanidade, dentre as muitas ciências criadas de lá para
cá, a Física evoluiu significativamente, recebendo certos rótulos, conforme sua
época, objetivo e modus operandi,
como por exemplo, Física Clássica ou Quântica. A Física Quântica, embora mais
recente e mais sofisticada do que a Clássica, não pode prescindir desta nem das
demais, uma vez que cada uma delas foi (ou ainda é) um dos “degraus” de que se
utilizou para chegar aonde chegou. Porém, sem contradito, a Física Quântica é,
até o presente momento, a excelência na forma de conhecer e observar tudo o que
o Universo nos revela sem restrições, tanto quanto aquilo que ele parece
“querer esconder” de nós.
Ramana Maharshi |
Com a Física
Quântica o homem, apesar de avançar consideravelmente em conhecimento, curiosamente
também retorna ao velho conceito de Natureza/Universo dos antigos gregos –
Physis; além de também ir em direção às noções encontradas nas antigas
tradições religiosas, como as do hinduísmo e do budismo, por exemplo. O sábio
indiano Ramana Maharshi declarou que o caminho da Iluminação pode ser
encontrado na resposta para a pergunta “Quem sou eu?”, e o físico americano
Niels Bohr ocupou-se com a pergunta “como é possível a um elétron ir de A a B sem
jamais passar entre esses dois pontos?”. Questões que parecem nada ter a ver em
comum, até porque originam-se de tradições diferentes, uma oriental, a outra
ocidental, uma espiritual, a outra científica, na verdade, por assim dizer,
esbarram nos corredores da Física Quântica, tanto quanto nas esquinas de Nova
Délhi ou de Nova York.
Niels Bohr |
sumérios |
Os sumérios, a mais antiga civilização de que se tem
notícia (aproximadamente 3.800 a.C.) consideravam iguais os esforços de
compreender tanto o mundo externo, físico, quanto o mundo interno, espiritual. Agora,
como se fosse uma nova espécie de “metafísica” – só que de cientistas sérios e
não de filósofos sonhadores – a Física Quântica explora e ousa tecer
considerações cada vez mais precisas e plausíveis sobre o que é a consciência,
onde ela se localiza, como age e até que ponto cria ou ajuda a construir o que
chamamos de realidade; o que é o homem, se tem uma essência transcendental ou é
apenas uma “máquina com personalidade”, se tem domínio sobre sua vontade e seu
destino ou está meramente sujeito às forças exteriores da Existência que, como
marionetes, executam o necessário exigido por ela e não o que é realmente seu
desejo e sua necessidade particular.
o domínio da ciência |
Como vemos, o
papel da Física Quântica é ousado e bastante amplo, além de incerto e
desafiador. Homens sérios, como já disse, não medem esforços para ir cada vez
mais longe nessa espécie de conhecimento e não hesitam em afirmar coisas que a
muitos ouvidos e mentes soam como improváveis e até absurdas, mas que provocam
em outros um incrível sentimento de aceitação e compreensão capaz de realizar
verdadeiros “milagres” em suas vidas, quando aplicados com determinação e
fervor, de tal maneira que toda a comunidade científica se rende extasiada a
essas novíssimas verdades, quando, outrora, seria reação comum rechaçá-las sem
aviso prévio ou delongas.
Papa Francisco |
Não só a
Religião tem seus “dogmas”, a Ciência também os tem. E que ninguém se engane –
é tão difícil superar aqueles quanto estes. Felizmente, a existência humana não
é feita só de teimosos e covardes, embotados e submissos; ela também é composta de homens
obstinados e corajosos, de mentes abertas e de espíritos livres. E são
exatamente estes que fazem a diferença quando fazemos a conta dos prós e
contras da vida. Embora, na Era Medieval, ser cientista ou filósofo valia a
alcunha e o destino de bruxo, segundo os inescrupulosos critérios da Igreja, e
muito embora, no século 17, o pensamento mecanicista de Descartes tenha
dominado a comunidade científica, ainda assim excelsos exemplares humanos
conseguiram romper essas “amarras” e envolver com sua aura aventureira outros
homens que, percebendo a inevitável força e coerência de suas ideias, fizeram-se também arautos de novas verdades. Quando Isaac Newton associou dois eventos tão
díspares quanto a queda de uma maçã e o movimento de um planeta, embora ainda
entro dos liames da física mecanicista, ali mesmo ele estabeleceu não só a
noção da lei da gravidade, como ficou conhecida, mas também de uma “força”
gerada no seio do Universo, mantenedora de um equilíbrio real e necessário. A
partir daí, mais importante do que saber “quem ditou ou criou tal lei” é
descobrir como ela atua, de que forma ela foi ativada.
Isaac Newton |
Termos como
“força” e “energia” são muito usados nos compêndios e nos meios acadêmicos e
científicos, mas também remontam aos ensinamentos dos antigos sábios do
Oriente, ao se referirem aos fenômenos incomuns aos homens comuns, tão
demasiadamente apegados ao que é palpável, visível e inquestionavelmente óbvio. Sem
saber quem é o dono ou agente dessa força ou quem teria produzido tal energia,
o homem comum, não encontrando na lógica, na razão, explicações para certos
fenômenos, queda-se estupefato diante desses eventos inusitados e, desamparado, acaba por dar-lhes o
nome de “milagres”. Pelo que se entende, a partir das explicações religiosas,
milagres são intervenções divinas na trajetória normal da vida de uma pessoa em
particular ou da existência, como um todo. Ou seja, Deus, ou um de seus
interventores – anjos, santos, avatares e etc –, por sua graça ou por
merecimento de uma pessoa ou mais, de tempos em tempos, intromete-se no curso natural
da História do mundo e dos homens, seja para "corrigir" o que o desagrada, seja para atender as preces de uma pobre criatura sua.
Cristo sobre as águas |
A E.N.D. –
Energia Nervosa Dirigida –, expressão com a qual designo a força provinda de
uma vontade humana objetiva de realizar algo, que pode muito bem ser comparada
ao que chamamos, aqui no Ocidente, de “força de vontade”, e que, na tradição
hindu, é denominada “sankalpa shakti” faz parte dos ensinamentos e práticas da
Terapia Hari, sistematizada e desenvolvida também por mim. O princípio dessa
força ou energia não é o Atman – nossa verdadeira identidade e essência –, e
sim o Jiva, uma vez que é este que “deseja realizar algo”, por necessidade ou
por capricho, pouco importa. No entanto, embora pareça paradoxal, essa energia
tem sua origem no Atman, isto é, é nele que o Jiva (reidentificado, é claro)
“se inspira” para “realizar” seu intento. Explicando de outra forma, é assim:
Atman não tem caprichos ou necessidades, pois se os tivesse não seria “completo
e perfeito”, mas Jiva os tem, pois luta na Existência por melhores condições.
Depois de reidentificado (ciente de que sua essência é Atman e de que não passa
de um “dublê” que recebeu uma personalidade, atributos e veículos
existenciais), o Jiva pode lançar mão dessa energia, dirigindo-a para
determinado alvo, bastando para tanto não estabelecer conflitos entre a realidade
que vê e a realidade que deseja ver e jamais considerar os aparentes
obstáculos, ainda que corroborados pela razão ou pela lógica, como sendo
intransponíveis. É com essa energia que o Avatar Jesus conseguiu, entre outras coisas,
caminhar sobre as águas do mar e em certas passagens bíblicas lemos: “Buscai,
pois, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua Justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas” ( Mateus 6:33) e “As obras que eu faço, ele também fará; e
as fará maiores do que essas” (João 1412). Deixando de lado as concepções
religiosas, o que está dito aí é “Primeiro, é necessário reidentificar-se com
Atman, e tudo será possível!”, ou ainda: “Aquilo que é possível ao Atman, só é
conhecido quando o Jiva realiza!”.
Andar sobre brasas |
Essa relação
entre o que a nossa razão vai chamar de “dois mundos” – o físico e o espiritual
(que Platão denominou “mundo sensível” e “mundo das ideias”) –, fica cada dia
mais plausível com os avanços da Física Quântica que, além de ter respaldo
científico, ainda encontra ressonância nas grandes tradições antigas de várias
civilizações, que em épocas remotas não contavam com instrumentos tecnológicos,
como os de hoje, nem com avanços científicos, que só viriam séculos mais tarde,
porém, participaram efetivamente dos eventos “reais” daqueles povos. Sabe-se
que pessoas comuns são capazes de caminhar descalças sobre brasas sem sofrer
qualquer queimadura nos pés, enquanto outras, que tentam fazer o mesmo,
considerando que brasas queimam e que, portanto, correm o risco de se
queimarem, inevitavelmente têm seus pés queimados gravemente.
Isaac Asimov |
O que digo
aqui de forma nenhuma deve levar o leitor a conclusões precipitadas de que
“então, qualquer um pode bancar Deus!”, muito menos devem “os céticos de
carteirinha” fazer pilhéria com meu nome ou com tais ideias que, em verdade,
não são minhas, como demonstram os relatos que fiz até aqui. Antes, devem todos
eles lembrar que ideias tidas como “loucas” ou “absurdas” no passado, hoje são
aceitas não só nos meios científicos e acadêmicos, mas também na vida cotidiana, sendo ensinadas em qualquer escola de ensino fundamental.
Exemplos simples disso são os “absurdos da ficção científica”, os delírios de
Isaak Asimov e Júlio Verne, que desafiaram a Ciência e a Tecnologia, levando-as
a tornarem aqueles artefatos e maquinários improváveis uma realidade. Se ainda
há pessoas que não acreditam de forma alguma que o homem pisou na lua, também
há aquelas que crêem e trabalham incessantemente para ver o homem conquistar
outros planetas, como Marte, e lá habitar. O fato é que não há limites para as
realizações humanas, a não ser aquelas que o próprio se impuser.
Júlio Verne |
A E.N.D. é
ensinada dentro da T.H. mas não está isolada dos demais ensinamentos. Ou seja,
ninguém é capaz de grandes e inusitadas realizações apenas se reconhecendo como
uma personalidade, um ego, um ser limitado e lógico ao extremo. Não é uma
questão apenas de fé, em seu sentido religioso; é uma questão prioritariamente
de compreensão e de paixão. Essa compreensão escapa à lógica e se utiliza da
intuição (a sabedoria primeva, direta, imediata) e essa paixão é o amor incondicional,
o comprometimento desmedido com a própria Vida – sem Deus ou deuses, sem
intervenções divinas, sem mistérios intransponíveis, sem dogmas, culpas ou
pecados...
Amit Goswami |
Há muito
trabalho a fazer antes de sair por aí “bancando ou brincando de Deus”. Evidentemente,
a E.N.D. passa pela questão da “consciência” – ou melhor ainda, de
“autoconsciência”. Não adianta ler todos os dias escrituras consideradas
sagradas, repetir mantras mágicos a todo momento ou saber de cor versículos,
como: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á
(Mateus 7:8). Quem tem a consciência pequena de que é essa personalidade, esse
ego, vai cansar de bater, mas nem por isso a porta se abrirá. Isso não tem nada
a ver com ele ser merecedor ou não – ele simplesmente não é conhecedor, ele não conhece nem “compreende”. Amit Goswami declara: “E preciso ter vontade e paixão para
ultrapassar a própria zona de conforto e superar a necessidade de ser como os
outros. Contudo, fazer isso sem o conhecimento adequado é insanidade. Se for
feito com o conhecimento adequado [...], é considerado genialidade”. Conquistar
os processos, os elementos imbricados no domínio da prática da E.N.D. vai além
de sentar-se de certo modo num local silencioso, ouvir uma música relaxante,
queimar incensos e repetir palavras ou nomes considerados sagrados – é preciso
um esforço mais sincero e objetivo e um conhecimento maior e exequível.
Quem quer ser
um alucinado, alguém que acredita e vê acontecimentos que, para qualquer outra
pessoa, pareceriam tão fora da realidade que provavelmente deixariam qualquer
um maluco? Se você for um desses, então você é “um louco”... ou, então, é um
praticante da Terapia Hari.
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