quarta-feira, 27 de abril de 2011

RELIGIOSIDADE X RELIGIÃO

MEDITAÇÃO E ORAÇÃO*

“Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas. (...) entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê em lugar oculto, recompensar-te-á”.
                                                                                                                                    Cristo

A tendência para a associação, para o viver em comunidades, logo faria com que homens primitivos trocassem suas experiências religiosas e compartilhassem coletivamente suas práticas peculiares. Nada há que censurar nisso. No entanto, assim como para caçar ou guerrear, precisaram de liderança, de alguém que encabeçasse as tarefas e as distribuisse, da mesma forma, em breve, surgiria a figura do “sacerdote”, do líder religioso, que tomasse para si o direito e o dever de ordenar os cultos e as formas desses cultos.. Aí sim, temos o perfeito exemplo do “mal necessário”. Outorgando a outrem seu direito natural ao Religare, os homens já não eram mais donos daquele páthos que os lançavam, em segredo íntimo, do finito para o Infinito, de sua simplicidade para o Sublime. A partir de então, os rituais tinham dia e hora para acontecer, tinham também uma especificidade (o plantio, a colheita, a proteção etc.), e ninguém mais tinha o direito de se dirigir direta a Divindade, ao Deus do seu coração. Agora, somente ao Sacerdote, Mago ou Feiticeiro, era dado esse direito. A religiosidade particular cede  para a religião comunitária.
O homem religioso, que naturalmente se recolhia para fazer seu ritual privativo de religare, no qual a Meditação, ou seja, a prática de introspecção, de perscrutação do eu interior, era característica, é forçado a lançar-se para fora, para longe de si, de forma a tentar alcançar o céu, onde supostamente habita um “Deus”. Enquanto a Meditação integra o homem a si mesmo, a Oração distancia-o de sua essência e o lança em direção ao long´nquo mundo divino. Essa ruptura não é sentida por aqueles que estão dominados pela religião institucional devido à segurança que sentem ao se congregarem nos templos, igrejas ou mesquitas, ou por se sentírem fazendo parte da “nação de Deus”. 

* Este texto é parte do trabalho AS RELIGIÕES DOS HOMENS E A RELIGIOSIDADE NO HOMEM - Uma abordagem filosófica do fenômeno Religare e seus desdobramentos – (Painel e Artigo), apresentado pelo Prof. Jaya Hari Das, no Seminário de Pesquisa Religião e  Religiosidades, promovido pelo CCH-UFMA, em maio de 2010. 

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